sexta-feira, dezembro 28, 2007

Sobre minha motivação e meus objetivos com o Jardim

Recordações de um tempo de dúvidas e medos. Outro dia uma garota me encontrou na internet através de um texto que escrevi em um site. É, alguém lê esses textos! Claro que dá um certo orgulho. Mas também me bate uma solidãozinha, tanta vontade de mudar o mundo e o que eu fiz? Nem escrever no Jardim eu estava escrevendo esses meses. Pensei que não adiantava. Ninguém lê, e quem lê não se importa. Os gays estão aí, dominando a moda e o mundo, e as sapatonas estão escondidas, pintando seus cabelos de vermelho e fingindo que têm namorados. Eu tinha decidido viver minha vida e foda-se o resto, ninguém precisa da minha ajuda, e nem dos meus textos. Mas eu preciso.

Viajei para São Paulo no início de dezembro. Uma cidade maluca, gigantesca, tantas pessoas insignificantes esbarrando com você na rua. Tantos casais gays, o mesmo tanto que casais héteros. A mesma proporção. Andar na av. Paulista é se sentir no coração do mundo, muitas bichas, todos são bichas, as pessoas que importam são gays. Descia a Augusta pra comer qualquer coisa num boteco e lá estavam elas, meninas lindas de mãos dadas. Lésbicas, lésbicas, lésbicas para todos os lados, e eu queria estar com todas elas e com nenhuma delas - queria a Violeta do meu lado, para andar com ela sem ser uma aberração, sem me sentir infringindo nada, só vivendo. Pela primeira vez eu podia respirar, meu pulmão do tamanho do mundo e meu sorriso enorme, "a Violeta chega no fim de semana, vamos pra que boate quando ela chegar?"

Quando voltei, senti falta da comida indiana, dos inúmeros restaurantes 24 horas, do show de bandas feministas que eu não fui. Fiquei pequena de novo, ainda vivendo minha vidinha e andando de mãos dadas com minha namorada na rua - ainda tendo muito orgulho do que eu sou, mas tudo tão diferente de lá. Lá eu não precisava provar. Eu era.

Não gostaria de morar em São Paulo. Mas eu gostaria de ter essa liberdade, essa deliciosa sensação de ser indiferente sendo tão diferente de todos ao meu redor. Voltei e me senti sozinha de novo, onde estão todas as meninas lindas que são como eu? Me senti perdida como eu me sentia no início de tudo (quantas vezes achei que ia terminar sozinha). Até ser encontrada por essa garota, essa que eu falei no começo.

É engraçado. Antes eu escrevia para alcançar meninas como eu que estavam perdidas. Queria que elas soubessem que são normais e que há muitas outras vivendo vidas como as delas. E depois de tudo - eu demorei alguns anos para perceber, que arrogância a minha - eu entendi que quem precisava acreditar nisso era eu mesma.

21 comentários:

Snow disse...

Oi! Tudo bom com vocês? Me falaram desse blog e eu o li algumas vezes! Achei interessantíssimo.

Olha Orquídea, não é só você que se sente sufocada nesse mundo tão preconceituoso e de mentes fechadas. Eu, inclusive, abordo algo do tipo em algumas de minhas postagens.
Tenho vontade de gritar pra todo mundo o que sou, mas fico num impasse: para eles também é difícil. É diferente do que é considerado "natural".

Bom, não deveria ser assim, mas eu me sinto de mãos atadas no que toca a soluções para mudar alguma coisa. É tão difícil e me sinto tão desanimada certas vezes...
Será que um dia chegará a nossa vez?

Parabéns pelo blog!

Ana Paula disse...

Nossa! como esperei pra ler um outro post de vc´s!!!
Olha, talvez eu esteja sendo meio(ou totalmete)
"tanto faz-tanto fez", mas é que eu sinceramente
não tenho mais animo pra discutir com a sociedade
meus gostos e desvaneios... tow bem
com minhas escolhas, meus pais
sabem da minha orientação(preferem acreditar que eu vou mudar)
e meus amigos estaum comigo... e sinceramente,
acho que só falta um amor... mas agora me peguei com uma duvida
horrenda: sera que de fato a Batatinha vai encontrar um amor??
vou tentar num me questionar tanto
se naum eu enlouqueço... O AMOR TEM ESSE PODER :p

Ana Paula disse...

Ah! Orquídea,eu leio e me importo
c/ q vc escreve...
fuixxxx

Unknown disse...

Não me sinto reprimida.

Tenho dó dos gays, pra eles eu acho que é mais difícil...

Não sinto necessidade de militância...


...

Ana Arcanjo disse...

é Orq's... eu me sinto sufocada...
é ruim ouvir sua mãe falar pra melhor amiga dela: a Dama tá aqui com a "amiga" dela... (isso quando nao chama de 'colega')
porque nao fala namorada?
ela nao pseudo-fala pras pseudo-namoradas dos meus irmãos?
E o engraçado é que sou assumida aqui em casa há alguns anos, já. E nem assim sou tratada da mesma forma que meu irmãos pseudo-heteros. E isso é DENTRO de casa... imagina fora?
Esses dias a Amor-Perfeito foi tocar na faculdade de uma amiga... aí era aqui pertinho de casa e eu passei lá antes de ir pra minha prova. A gente tava abraçada e eu dei um ploc nela, nessa veio outra amiga (que namora uma mulher) é pediu pra que nos afastássemos pq a "direção da faculdade" nao gostou e nao quer "esse tipo de comportamento" ali dentro.
Vontade de mandar todo mundo tomar no cu e agarrar a amor-perfeito. Mas fazer o que, a faculdade nem era minha e eu tava atrasada pra minha prova, mesmo...
Me senti uma idiota sem fazer nada...
E confesso que ainda ando um pouco irritada por essa omissão... Mas sei lá... Achei tão ridículo que fiquei sem ação...

Ana Paula disse...

O que é pseudo ????

Ana Paula disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Eu fico pensando se vale a pena querer se integrar e fazer parte, e criar uma cultura nessa sociedade hipócrita.

Se a sociedade já me permite namorar, fazer o que eu quero, eu não vejo porque querer mais. Eu não quero ser normal nesse lugar onde as pessoas vivem infelizes, de fachada. Eu não quero ter poder se, quando alguém tem poder, outro é pisado. Eu não quero chamar de amor o que não é amor.

Eu não quero, sinceramente. É melhor ser pisada, e olhar da janela tudo isso. E ser protegida dessas coisas.

Quem nos discrimina, discrimina porque não nos merece.

Anônimo disse...

Talvez porque eu more em SP...não sinto nada disso...
Talvez porque eu ainda esteja meio cega.
Adorei o post do Sapatão, perfeito!

Anônimo disse...

E ai meninas?

Bem referente ao post...Moro em São Paulo, cidade imensa, muitas pessoas arrogantes, indiferentes e como essa cidade é gay...Av. Paulista não é mais um centro empresarial como era há uns 10 anos atrás, agora virou centro Gay, onde baladas brotam do nada, homens e mulheres, sim mulheres andam perdidos por lá à procura de diversão e liberdade. Moro aqui e amo aqui. Nunca imaginei que precisaria ir em algum lugar para me sentir livre, essa sociedade preconceituosa, essa mesma São Paulo que é tão gay e a mais opressora, por olhares alheios, comentarios a parte e se depender, se bobear um pouco na Augusta você vira mais um indice de mortalidade de Gays e Lésbicas de São Paulo.

Queria andar por todas as ruas, por todas avenidas com uma mulher ao meu lado sem medo. Mas quem sabe daqui alguns anos neah?

Beijos meninas.

Rebeka
http://meudiariopqp.blogspot.com

Anônimo disse...

Mudando de idéia: Silêncio também faz mal.

E Aqui não é lugar de debater sobre feminismo/afins.

Ana Arcanjo disse...

ué lígia...
Se aqui não é lugar de debater feminismo/afins, onde será, entao?
acho que nao entendi seu comentário...

Ana Paula disse...

Pow ligia... eu tbm num entendi naum :(

ALGUEM PODE ME DIZER O QUE É PSEUDO!

Violeta disse...

Oi Batatinha, desculpe a demora para responder!

Então, respondendo a sua pergunta, PSEUDO é aquilo que é falso, que queria ser alguma coisa mas não é de fato.
Ex.: pseudo-cult: pessoa que quer/tenta ser cult mas não é.

Fez sentido?!?! =)

meninas, atualizaremos em breve, se possível até amanhã!

beijos!

Anônimo disse...

não, realmente. Depois que eu comentei, fiquei pensando nisso.

Mas acho que não é lugar aonde uma poessoa comenta, outra responde, depois contra-argumenta, aí volta... E vai indo... Entende?

Tipo, um espaço de DISCUSSÃO.

Tipo, que nem orkut.

Ou será que é?

Uma fulaninha disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Talvez seja sim né.

É que daí vai ficar tipo "floodando" os comentários... Sei lá. Orkut é que é bom pra isso.

Falar nisso, tenho que parar de floodar isso aqui! Fui.

Ana Paula disse...

OBRIGADA, VIOLETINHA!
LIGIA, CONTINUO SEM ENTENDER: AFINAL É, OU NAO É??? RSRSRS

SUPER BEIJAUMMMMMM

Anônimo disse...

há, eu não sei. Comentário inútil mesmo. Esquece.
sei lá se é...


De qualquer forma, apesar de tudo, o assunto principal dos posts não é explicar o movimento.

Ana Arcanjo disse...

assim, eu concordo com você Lígia, que lugar bom pra discussão seja orkut e tal... Mas a proposta do Blog também é a discussão... A gente nao se importa de ver muitos comentários por post (a gente adora, na realidade)! É um sinal que vocês se interessam pelo que a gente escreve e que têm suas próprias idéias a respeito dos mesmos. E o ponto do blog é servir de ponto de referência para qualquer menina/mulher/homem que entrar aqui! Se identificando não somente com as Flores em si, mas com os visitantes que comentam os posts! Comentem, pessoal! Nós adoramos!
Obrigada por se importar, Lígia! é sempre muito bom ler você por aqui!
=***

Anônimo disse...

Olá meninas,
estou postando no ano seguinte ao comentário, então nem acho que ele será lido.. mas se não se importam aí vai mais um desabafo:
fui a são paulo algumas semanas atrás e passei exatamente pelo mesmo processo que vc, violeta. Via casais de mulheres andando de mãos dadas pela paulista e desejava que minha namorada estivesse ali comigo, para, pelo menos lá, ficar-mos tranquilas, sem medo das reações alheias...
também não moraria em sao paulo, e também queria que pudessemos ter a mesma tranquilidade aqui, mesmo que fosse só em uma avenida (imagina o eixão sendo super gay!heheh já é quase o plano inteiro, né?). véi, que comentário emo! hehe mas vcs me entendem, né? é foda...