quarta-feira, junho 28, 2006

E quem já cansou dessa história, pare de ler agora.



O namoro terminou. Já faz tempo, e já vem terminando há tempos. Sempre foi uma relação instável, mas antes os altos e baixos valiam a pena. De uns tempos pra cá, só tinha os "baixos" - e não, não to dizendo que a culpa é dela. Eu surtei. Depois de um ano e meio vivendo só pra ela, fui parar na terapia por não conseguir me afastar. Dependência. Com direito a crise de abstinência e tudo mais...

Ela tenta ser compreensiva. Entende. Vê, ao contrário de muita gente mais próxima, que o processo depressivo já vinha há muito tempo. Minha vida tá desestruturada há anos, era questão de tempo pra que eu explodisse, ou implodisse.

Eu fico alternando. Sei que é terrível ficar sem falar com ela, mas pode ser pior falar. Não que ela me trate mal, mas parece que meu corpo tá viciado. Tolerância. Preciso de doses cada vez mais altas, e cada vez mais concentradas. Não posso exigir isso de ninguém.

Mudei meu horário na aula de canto, bloqueei no MSN, coloquei outro testimonial na frente no Orkut, troquei o nome dela no celular. Adianta? Digamos que em 1% dos casos, sim. Hoje eu a vi no MSN e a desbloqueei na hora. Ela nunca entra, será que estava me procurando?

Falei com ela. Não, não era por minha causa que ela estava online. Estava em reunião. Ah, ela é workaholic. Até aí tudo bem. Eu estava bem estável e achei super normal, como uma pessoa normal acharia. Falei que queria conversar com ela depois. Ela perguntou se era alguma coisa ruim, e eu disse que não, at all. Carinha feliz.

Esperei. Fiquei passeando pelos blogs-amigos, lendo histórias de outras pessoas, sonhando com um namoro perfeito. De vez em quando trocando uma frase ou outra com amigos pelo messenger. Depois de muito tempo fui olhar a janela do programa e - parece óbvio, não? - ela não estava mais lá.

Uma sensação de tristeza subiu meu peito e tomou conta de mim. Por que ela não falou comigo? Rejeição. Tinha um personagem de um jogo que eu adoro que dizia que "to be forgotten is worse than death" (ser esquecido é pior que a morte). Mandei uma mensagem pro celular dela: "Saíste da internet sem falar comigo?" Quase uma criança perdida no shopping, sozinha.

Ela me ligou. Estava com a voz cansada, pediu desculpas e falou que se eu soubesse o tanto que ela estava esgotada eu não faria isso com ela. Fiquei sem saber o que falar. Disse que "de boa, deixa pra lá". "O que você queria dizer?" "Nada", eu respondi. Não me parecia que ia valer a pena falar...

Passei o dia pensando nela. Como ela tinha me entregado uma carta hoje de manhã, resolvi fazer algo parecido pra ela. Fiquei horas pensando nela, nas peculiaridades, os detalhes. Aquelas coisas que fazem ela ser ela. Fiz uma lista: dormir de luz acesa, esconder chocolates pela casa, enrolar um cachinho do cabelo com os dedos... a lista ficou imensa, inacabada e completamente bagunçada. Acho que ficará assim. Não sei se tenho vontade de entregar para ela depois disso...

segunda-feira, junho 26, 2006

Maratona de Paradas!! A segunda hoje e talvez a mais importante pois foi a daqui de Brasilia, semana que vem tem Goiânia... É sempre uma possibilidade!!
Meu terceiro ano de parada em Brasilia e o primeiro sem trabalhar... E foi bom, muito bom!! Música boa, amigas e amigos, pessoas que eu não via a muito tempo, glamour (ninguém merece)...
Com o lema: Voto Consciente, as pessoas foram chamadas para refletir sobre suas escolhas na hora de escolher suas/seus representantes. Com essa proposta mais a do evento em si, o protesto político, ficou muito claro um dos problemas mais graves do movimento LGBTS que é a invisibilização de grupos distintos como as mulhres (lésbicas e bissexuais). Como o carro de som feminino pode ficar sem microfone em um movimento político de inclusão?



xxx



Frases do dia:
1) Vocês são namoradas?
R: Por enquanto não.

2) Vocês são amigas?

domingo, junho 25, 2006

Surpresa. As coisas acontecem da forma mais inesperada, tratamento de choque talvez. De ontem para hoje minha cabeça se consumiu, eu tinha que parar, tudo tinha que parar. E as coisas haviam tomado um rumo tão inesperado quanto o meu prórpio. Eu queria morrer. E realmente achei que fosse. Limite.
Onde eu estive todo esse tempo? Ao abrir os olhos pela milésima vez durante a noite com o estômago rodando percebi que era o ápice. Ou eu me matava ou meu estômago se encarregaria disso. Nunca achei que fosse me sentir tão mal.
Perdida. Confusa. Cansada.
Eu precisava sair do foco das expectativas.
O dia muda, o amanhã que ninguém sabe como vai ser. Uma noite louca, duas pessoas loucas. Uma promessa não cumprida. Por que você me faz sentir? O tempo pára. Muitas risadas. Aquele conforto.
Me mata vê-la chorar.

Até amanhã.

sábado, junho 24, 2006

Flores, muito obrigada!!!!
Foi muito bom ter vocês quase todas me prestigiando ontem à noite!!
Faltou só a Margarida, mas não consegui avisá-la a tempo, acho!
Estávam quase todas lá! Não sabem o quanto foi importante ter vocês perto na minha estréia no cenário musical noturno de Brasília!!!
Muito obrigada mesmo!!!
Boa prova Hortênsia! Israel vai contigo e com a monk, e com a Margarida tb!!!
Amo todas vocês!!!

domingo, junho 18, 2006

Oficialmente lésbica. É assim que estou me sentindo depois do fim de semana/feriado mais "gay" da minha vida... (minha mãe que o diga). Desde quarta feira em SP, acompanhando todos os preparativos para vários eventos destinados ao público LGBTTS.
Fui a vários lugares legais, Galeria do Rock, Pinacoteca (a fila do Museu da Língua Portuguesa tava inacreditável...), FNAC... E claro, pra onde eu olhava eu via casais homos, ou homos sozinhos... Enfim, a cidade estava dominada.
Sexta a noite foi o lançamento do livro Vidas em Arco-Iris : Relatório sobre Homossexualidade, foi super legal, conheci pessoas fofíssimas (biiiiiixa), encontrei outras que não via a muito tempo. Sábado foi o grande dia. Marcha das Lésbicas de manhã, foi tudo!!! Um grupo de percussão só de mulheres puxou a caminhada até a concentração da Parada. Ha tempos não via um evento tão político.
A tarde a Parada. Definitivamente não é qualquer parada, é A Parada! De repente a cidade parecia pequena para o tanto de pessoas que chegava... 19 caminhões de som (se não me engano), 2 milhões de pessoas, aquela emoção contaminando a tod@s, gritos contra a homofobia, a favor da liberdade... Inacreditável. O tempo realmente parou, com todas aquelas pessoas no meio da Paulista, momento único para a maioria, pois ali todos eram iguais a alguém, ali nós eramos a maioria, ali ninguém precisava de outra identidade.

Foi lindo!

domingo, junho 11, 2006

Resolvi aproveitar que o dia tá acabando e ninguém vai postar mais nada hoje pra deixar meu recado pessoal:

Eu sou melhor escrevendo do que falando, e por isso eu vou escrever o que eu já te disse. Aquele "eu não queria ter vacilado com você", dito no meio da madrugada, espontâneo, sincero, sem pedir perdão, foi o melhor pedido de desculpas que eu poderia ter ouvido.

Eu não queria arrependimentos mil. Eles não mudam o que aconteceu. Eu queria o simples reconhecimento de que foi, não dá pra voltar atrás, e que merda, queria que tivesse sido diferente. Apenas isso. Porque dessa maneira eu sei que reconheces o que houve, em vez de negares. Agora há consciência e racionalidade. Agora me traz paz...

Agradeço por teres tomado as rédeas da situação. Porque eu não consigo. Não por enquanto. Entendo que é o melhor, e sei que a gente vai ficar bem. Mas uma coisa de cada vez, e agora eu só quero agradecer por estares distante/presente.



***



Meninas, foi muito bom encontrar vocês hoje. Só faltou a Hortênsia - por favor, apareça! Pena que eu não comi nem um quinto das comidas gostosas de festa junina. Fica pra próxima...!

segunda-feira, junho 05, 2006

Este sábado eu tinha um casamento pra ir e fui tomar um daqueles banhos imensos, daqueles que a gente passa um sabonete diferente pra cada coisa: é um pro rosto, um pro corpo, um pro pé... lá no meio do banho, depois de escolher cuidadosamente o shampu pra cabelos oleosos, fui pensar se passava ou não um esfoliante no rosto. Na hora, pensei: "óbvio que não! A gente não passa esfoliante em dia de festa, senão a pele fica toda descascada e fica terrível pra passar maquiagem!"

Com a mesma rapidez desse pensamento, veio outro. Como assim eu sei disso? Na verdade, pra que eu sei isso? Eu lembrei de todas as revistas Claudia que li quando era criança, que diziam que tipo de pele combinava com que cor de maquiagem e cabelo e qual era a roupa mais adequada para o trabalho (sem decotes e fendas, por favor!). Lembrei das matérias de "como se preparar para seu casamento", que diziam quando você deveria ter o vestido pronto, as depilações e sobrancelhas feitas e, claro, as esfoliações.

Lembrei das Carícias, Atrevidas e Caprichos, todas falando sobre como conquistar o gato ou que roupa ir para o cinema com ele. Ou então trazendo penteados "fashion" e, para as que podiam ler escondidas, a seção de perguntas sobre sexo. "Se ele gozar na minha calça jeans, será que eu engravido?"

Lembrei e tive nojo de tudo isso (não do gozo na calça jeans; quer dizer, também, mas eu tava falando do resto.) Pensei em todo o tipo de informação que eu tive que engolir, todos os padrões que eu incorporei, todas as roupas que eu julgava certas ou erradas, todos os desejos que eu tinha que achar que eram meus. Eu precisava casar lindamente de véu e grinalda e unhas feitas, e o grande trunfo da mulher moderna era ser uma trabalhadora competente, rica, bem-sucedida, de cabelos e sapatos impecáveis e que ainda conseguia ser a super-mãe, super-esposa, praticar exercícios físicos e passear com o cachorro. Eu precisava me encaixar em tudo, e nada de gordurinhas a mais ou bolsas envelope (a não ser que elas voltem à moda). E tudo para conquistar o amor da sua vida. Porque apesar de todas as brigas, as mulheres não vivem sem os homens e etc etc etc.

Cansei. Cansei de me adequar a sonhos que, de repente, não são os meus. E se eu não quiser casar? E se eu quiser minha liberdade e independência? E se eu não quiser filhos, ou simplesmente não fizer questão de passar por todo o ciclo (eu acho até egoísta) de 9 meses de uma gravidez? E se eu quiser adotar uma criança? E se eu quiser me dedicar apenas à minha carreira, sem marido ou filhos "atrapalhando"? E se eu não quiser ter um homem na minha vida? E se eu quiser usar um sapato vermelho com um batom cor-de-rosa?

Mas eu sei que, no final das contas, eu vou decidir não usar o esfoliante, sair do banho, colocar um vestidinho preto que esconda minhas imperfeições e passar uma camada bem espessa de maquiagem. Uma que possa cobrir tudo aquilo que eu não posso ser.