terça-feira, outubro 25, 2005

Viciaaaaaada em The L Word! Terminei as 2 temporadas hoje. Chorei nos 3 últimos capítulos da 2a temporada. Aprendi a amar e odiar cada personagem. Descobri que não sou uma, sou várias. Já fui Marina, Jenny, Tina, Bette, Alice, Dana, Carmen, Shane, Helena, Kit. Me apaixonei por todas as histórias, sofri com os dramas e fiquei sem ar nas cenas de sexo. Odiei quem eu tinha que odiar e torci por quem eu tinha que torcer, mesmo que isso me deixasse em contradição. Entrei na história e quis ficar por lá.

Êta série boa!

Cenas dos próximos capítulos: análise astrológica de cada personagem. A pergunta que não quer calar: qual o signo solar da Shane?

segunda-feira, outubro 17, 2005

Como assim uma semana sem postar? Tem tanta coisa acontecendo e nada é escrito aqui... eu acho que as flores estão com vergonha/receio de falar sobre suas vidas - é sempre mais fácil fofocar em roda do que em um diário virtual, não?

Antes de tudo, deixa eu fazer minha propaganda: http://www.paroutudo.com/colunas/avulsas/051006_mulher.htm

Bom, eu tenho algumas coisas pra falar de mim. A viagem semana passada foi ótima e me fez pensar em um monte de coisas. Como minha família inteira é de lá e meus pais são figuras públicas (e eu ainda não me assumi, até porque eu não sei *o quê* assumir), eu tinha combinado com a minha mãe de não dar pinta. Nada. At all. Nem mãos dadas, nem olhares carinhosos-demais-para-amigas, nem viver abraçada. Ok. Minha mãe não falou nada a respeito, mas eu sabia que isso incluía não ir em lugares GLS. Sem problemas.

Eu concordei com tudo porque achei mais sensato. Não poderia sair dando pinta quando toda e qualquer atitude minha chegaria eventualmente aos ouvidos de meu pai, que por enquanto nada sabe. Imagina a confusão! Passamos então 5 dias sem dar a menor pinta, nem dentro de casa.

... por incrível que pareça, a experiência foi gostosa. Cada momento a sós era maravilhoso, e cada vez que a gente "esbarrava" uma na outra a gente sorria por dentro. A cumplicidade aumentou, nós ficamos numa sintonia diferente, única, só nossa. Mil piadas internas e encheções de saco de propósito. Tudo muito bobo e divertido... fofo.

Mas então, eu nem tava falando da viagem pra dizer como foi bom. Eu comecei a falar porque me deu o estalo de "nossa, como visibilidade importa". Nós não víamos gays nas ruas. Lésbicas, então, não existem. Meu irmão nos falou isso: lésbica não existe aqui. Ninguém vê, ninguém fala nisso. Gay, você ainda vê as bichonas loucas que mesmo que queiram não conseguem não dar pinta. Sapas, nenhuma. Não existem.

É claro que existem bares e boates GLS. Mas como nós não podíamos ir, ficamos com a impressão de que não existia nenhuma criatura que não fosse hétero. E aí fico pensando... será que a solução é mesmo se "esconder" nos guetos? Eu sei que precisamos de lugares para nós, lugares que nos aceitem integralmente. Mas não podemos ficar *só* nos ambientes GLS. O mundo não vai nos ver, pelo contrário: vai ficar feliz com a segregação, "quanto mais longe, melhor". Precisamos aparecer... se não existimos, como podemos ser aceitas?

(Acho que foi só semana passada que fui entender, de verdade, a importância de pessoas como a nossa Violeta. Será que quando eu crescer eu fico assim? *sorriso*)



[Deve até soar hipócrita um discurso de "vamos às ruas" quando eu não consigo sair do armário nem dentro de casa. Mas eu espero que vocês, como minhas amigas, entendam que cada pessoa tem seu tempo, e que meu tempo de agir só vai chegar quando se sedimentarem as minhas certezas. Até lá, eu penso, escrevo, repenso, reescrevo e, mais importante, vou sentindo. O que me leva, no fim das contas, é o amor...]

segunda-feira, outubro 10, 2005

Estou em crise. As coisas estão confusas na minha cabeça, cheia de dúvidas sobre a sexualidade, confusão total. Não entendo porque, mas eu tenho medo de meninos; tenho medo da aproximação, tenho medo de tanta coisa. Agora estou em busca do porquê de tudo isso, em busca de todo o medo, de todas as dúvidas. Uma coisa é fato: já me apaixonei por uma mulher. Será que um dia me apaixonarei por um homem?! Eu não sei exatamente o que pensar sobre isso, mas não me vejo apaixonada por um. Aliás, eu tenho feito muita coisa que eu nunca me via fazendo, então não duvido mais da minha capacidade, hehehehe!!!

Beijos à todas.

sábado, outubro 08, 2005

Quais de vocês nunca ficaram casualmente com um amigo(a)? Poisé, estou estendendo essa minha fase 'carnal' o máximo possível, já que nenhum sentimento mais forte me domina. Agora estou na fase de loucuras com amigos, e caramba, que loucura eu fiz ontem a noite! Ainda mais vindo de mim, que posso contar as pessoas que já fiquei nos dedos das mãos (é, realmente esse coração machucado está me fazendo conhecer novos horizontes)!
Ontem, do nada, eu e uma amiga minha ficamos com outra amiga nossa; dividimos uma garota, cada uma beijava-a alternadamente, a cada 5 minutos. Foi muito legal, até porque fizemos isso no meio do cinema com muita gente vendo, nem um pouco discreto. Depois, nos pegamos no banheiro de deficientes, uhahuahuahuhua, muito foda!!!
Depois, eu acordei e fiquei pensando: logo eu q dou o maior valor pra sentimentos e beijos íntimos?! Bem, mudei meu ponto de vista sobre isso, o sentimento é algo tão maior, tão profundo que eu nunca iria 'me pegar' casualmente com quem eu amasse e muito menos faria disso algo divertido. Não. Agora, estou ampliando minha visão de mundo, o que tá me fazendo muito bem. Finalmente estou pronta para seguir novos caminhos. E nossa, ontem foi foda!!! =]

Beijos a todas.

(ps: um pequeno aviso, o show que ia ser dia 11 foi adiado para dia 18, então as pessoas que não poderiam ir, têm uma nova chance de assistir!)

quinta-feira, outubro 06, 2005

Uma reflexão feminista
"A mulher nasce livre e permanece igual ao homem em direitos. (...) Esses direitos inalienaveis e naturais são: a liberdade, a propriedade, a segurança e sobretudo a resistencia a opressão. (...) O exercicio dos direitos naturais da mulher só encontra seus limites na tirania que o homem exerce sobre ela; essas limitações devem ser reformadas pelas leis da natureza e da razão."
(Olympe de Gouges)

Qnto mais estudo, mais vejo o qnto as mulheres têm força., apenas não descobriram isso por completo ainda. Se quisermos, o mundo pára.
E aí, prontas para uma revolução?

sábado, outubro 01, 2005

* Sobre a mulher-macho - Parte 2 *


Olá, meninas! Estou de volta com a defesa à mulher-macho. Como tem muita coisa pra ser dita, vou fazer posts em doses homeopáticas para não cansar ninguém (nem a mim mesma). Vamos à primeira pergunta:

1. Qual o problema de ser uma sapa-bofinho? Qual o problema de se vestir como homem e se comportar como homem? Qual o problema de não ser "delicada" como uma menina deve ser? O que uma menina deve ser?

Encontramos muito preconceito contra as lésbicas com aquela famosa frase: "não tenho nada contra ela ser lésbica, mas ela precisa ser masculina?"

Essas frases possuem um conteúdo muito forte, que às vezes nem percebemos. Ao criticar a dita "masculinidade" de algumas lésbicas, vemos uma tentativa de restringir certos comportamentos que não estão dentro dos que são considerados "naturais" em nossa sociedade. Recapitulando: meninas são educadas para serem de um jeito e meninos de outro. Meninas crescem ouvindo que são "naturalmente" mais sensíveis, vaidosas, recatadas, enfim, mais femininas. Meninos devem ser mais competitivos, racionais (homem não chora!), garanhões - atributos considerados masculinos. Nada errado nisso - é apenas mais uma visão entre tantas no mundo do que é ser macho e fêmea. Porém, uma visão que nos é vendida como verdade absoulta, ao ponto de sermos bombardeadas a todo momento com explicações biológicas que expliquem essas diferenças entre homens e mulheres como "naturais".

No momento em que invertemos essa ordem "natural", somos vistas com maus olhos. E entre as lésbicas, é comum ver essa ordem "natural" ser invertida na aparência. Somos vistas como masculinizadas na maneira de vestir e como pouco vaidosas. Como pode uma menina ser descuidada da aparência? Por que se vestir de uma maneira masculinizada?

Para responder a essas perguntas sobre vaidade e feminilidade/masculinidade, precisamos entender o que querem dizer essas palavras. O que é a vaidade, ou o "cuidado com a aparência"? Falamos em vaidade como algo positivo, até ligado à higiene. Ninguém nos lembra que esse "cuidado" acaba sendo uma corrida para copiar os modelos de beleza, e não uma busca pela beleza real (hehe, propaganda da Dove isso). Se uma menina não gosta de usar maquiagem, ela "não se cuida". Se ela não se sente confortável usando decotes, ela "não é feminina". Se ela prefere conviver com seus quilinhos a mais, sem ligar para a obrigação de viver de dieta para ser como as anoréxicas top-models, ela "não é vaidosa". Pobres de nós, presas a um modelo inalcançável de beleza!

Mais do que pouco vaidosas, as lésbicas são vistas como masculinizadas. O que é ser masculina? Se pararmos para pensar um pouco (pouco mesmo), vamos ver que a definição de masculinidade é mutável. Há pouco tempo, usar calças era sinônimo de lesbianismo. Como exemplo, imaginem que minha mãe precisou lutar em casa para usar calças em plena década de 70. Isso era impensável, afinal, calça era apenas para homens! Hoje todas usamos calças, e isso não é mais visto como sinal de masculinidade. Porém, usar uma camisa de botão ainda é ser "masculina". O que não quer dizer que, daqui a alguns anos, ainda seja assim. É claro que as coisas só mudam quando tem gente lutando por mudança, e eu volto a isso mais tarde. A minha pergunta, agora, é essa: qual é o problema de ser masculina?

Eu gostaria muito de responder que eu não vejo problema nenhum em uma garota masculina. Mas a quem eu quero enganar? Eu ia preferir ficar com uma garota "delicada" e "feminina" do que ficar com uma "masculina". E isso porque estamos tão acostumadas a achar ruim e estranha essa "confusão" entre os sexos que preferimos ficar dentro dos padrões aceitáveis. E aí que vem a minha defesa à mulher-macho: elas são as sapas mais corajosas. Vão contra tudo e todos, enfrentando não só o preconceito de amarem outras mulheres, mas o preconceito por serem "quase-homens", sendo discriminadas até pelas bolachas mais "finas". Elas não se sentem obrigadas a serem delicadas, sensíveis e gostosas. Costumam ser competitivas, usam roupas de lojas masculinas, falam grave e muitas vezes têm fama de pegadoras. Tem como inverter mais? Acho que não. Elas são a própria essência do contrário. Elas conseguiram sair da pressão da mulher-perfeita. Elas descobriram que não precisam ser como os outros querem que elas sejam. Se libertaram da obrigação de amar um homem e dos sonhos impostos de casar e ter filhos. Encontraram uma alternativa de vida fora do convencional. Lutaram pela própria felicidade contra o mundo e, mais difícil ainda, contra elas mesmas. E, depois de transformar tantos conceitos dentro delas, usar uma camisa de botão é algo muito pequeno, porém muito simbólico. A masculinidade da mulher-macho é mais que uma maneira de dar pinta. É a representação visual de conceitos e comportamentos. É assumir para todos, e para si mesma, um estilo de vida.

Se não fossem essas mulheres corajosas, nós não teríamos a liberdade (pequena, sim) que temos hoje. Nós nem existiríamos, pois seríamos invisíveis. Aqui no Jardim podemos estar no anonimato, mas é um anonimato ativo - pelo menos é como eu vejo. E se podemos falar sobre nossos amores tão "fora do comum", é porque muitas antes de nós já deram a cara a tapa para gritar ao mundo que sim, nós estamos aqui. E não queremos mais nos esconder.

E viva a Mulher-Macho!

[Peço a compreensão de Violetas entendedoras do assunto e Gérberas estudantes de ciências sociais pelo discurso pseudo-intelectual. Juro que procurei ser coerente e não falar muita besteira no estilo "mamãe-quero-ser-ativista".]