segunda-feira, outubro 17, 2005

Como assim uma semana sem postar? Tem tanta coisa acontecendo e nada é escrito aqui... eu acho que as flores estão com vergonha/receio de falar sobre suas vidas - é sempre mais fácil fofocar em roda do que em um diário virtual, não?

Antes de tudo, deixa eu fazer minha propaganda: http://www.paroutudo.com/colunas/avulsas/051006_mulher.htm

Bom, eu tenho algumas coisas pra falar de mim. A viagem semana passada foi ótima e me fez pensar em um monte de coisas. Como minha família inteira é de lá e meus pais são figuras públicas (e eu ainda não me assumi, até porque eu não sei *o quê* assumir), eu tinha combinado com a minha mãe de não dar pinta. Nada. At all. Nem mãos dadas, nem olhares carinhosos-demais-para-amigas, nem viver abraçada. Ok. Minha mãe não falou nada a respeito, mas eu sabia que isso incluía não ir em lugares GLS. Sem problemas.

Eu concordei com tudo porque achei mais sensato. Não poderia sair dando pinta quando toda e qualquer atitude minha chegaria eventualmente aos ouvidos de meu pai, que por enquanto nada sabe. Imagina a confusão! Passamos então 5 dias sem dar a menor pinta, nem dentro de casa.

... por incrível que pareça, a experiência foi gostosa. Cada momento a sós era maravilhoso, e cada vez que a gente "esbarrava" uma na outra a gente sorria por dentro. A cumplicidade aumentou, nós ficamos numa sintonia diferente, única, só nossa. Mil piadas internas e encheções de saco de propósito. Tudo muito bobo e divertido... fofo.

Mas então, eu nem tava falando da viagem pra dizer como foi bom. Eu comecei a falar porque me deu o estalo de "nossa, como visibilidade importa". Nós não víamos gays nas ruas. Lésbicas, então, não existem. Meu irmão nos falou isso: lésbica não existe aqui. Ninguém vê, ninguém fala nisso. Gay, você ainda vê as bichonas loucas que mesmo que queiram não conseguem não dar pinta. Sapas, nenhuma. Não existem.

É claro que existem bares e boates GLS. Mas como nós não podíamos ir, ficamos com a impressão de que não existia nenhuma criatura que não fosse hétero. E aí fico pensando... será que a solução é mesmo se "esconder" nos guetos? Eu sei que precisamos de lugares para nós, lugares que nos aceitem integralmente. Mas não podemos ficar *só* nos ambientes GLS. O mundo não vai nos ver, pelo contrário: vai ficar feliz com a segregação, "quanto mais longe, melhor". Precisamos aparecer... se não existimos, como podemos ser aceitas?

(Acho que foi só semana passada que fui entender, de verdade, a importância de pessoas como a nossa Violeta. Será que quando eu crescer eu fico assim? *sorriso*)



[Deve até soar hipócrita um discurso de "vamos às ruas" quando eu não consigo sair do armário nem dentro de casa. Mas eu espero que vocês, como minhas amigas, entendam que cada pessoa tem seu tempo, e que meu tempo de agir só vai chegar quando se sedimentarem as minhas certezas. Até lá, eu penso, escrevo, repenso, reescrevo e, mais importante, vou sentindo. O que me leva, no fim das contas, é o amor...]

Um comentário:

Violeta disse...

Nossa, me senti mto importante!!!!
cada um tem seu tempo... isso é uma grande verdade e nao podemos apressar ou pressionar ning, só estaremos fazendo a pessoa pular uma das fazes mais importantes do "ser homossexual" q é se aceitar. E depois disso ha uma necessidade natural de se visibilizar tbm.
Mas ser ativista é visibilizar nao só uma pessoa, mas todo um grupo q infelizmente nem sempre é capaz de se solidificar sozinho, nao por causa dos seus integrantes e sim por uma sociedade hipocrita e cheia de padroes tolos, que a maioria nao consegue seguir.
(acreditem, nao é facil, ser ativista é sofrido... mas arrependimento é uma palavra q nós nao conhecemos!)

bjosss