terça-feira, novembro 28, 2006

Carta para Hortênsia

Querida Hortênsia,

fico feliz que tenhamos conversado e nos entendido. Espero que nossa amizade não diminua pelas coisas que aconteceram nem pela sua saída do blog.

Como esse é um momento de despedida, vou falar aquelas coisas fofinhas: desculpe por todos os desencontros que tivemos. Espero que você saiba que eu nunca quis te fazer qualquer mal. Acho que você merece toda a felicidade do mundo, e ainda quero conversar mais muitas madrugadas com você pelo MSN (ouvindo as piadas infames mais divertidas de todas).

Vamos sentir falta de você aqui no Jardim, mas como já dissemos antes: uma vez Flor, sempre Flor.

Não some, ok?

Beijos,

Orquídea

sexta-feira, novembro 24, 2006

Protesto

Em protesto à Hortênsia ter apagado seu post, comunico a todas que não escrevo mais no Jardim até que seja feita uma reunião geral.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Plano de saúde para namoradas

Era pra ser um post comemorativo, soltando fogos de artifício e estourando a champanhe. Mas vou só comunicar a todas:

Ontem eu e Violeta fomos ao local de trabalho dela, uma empresa de urgências e emergências médicas. Vendo que o negócio funciona (sim! eles salvam vidas de verdade!), decidimos nos filiar. Preenchemos a ficha com o nome dela como titular e o meu como dependente. Depois de completar o formulário, entreguei-o para a moça que nos atendeu, que de modo naturalíssimo colocou em "parentesco" um enorme "namorada" do lado do meu nome. Tudo muito fácil, muito normal. Agradecemos, pegamos os documentos, fomos para casa. Tudo NORMAL. Fim.



(Ainda estou tão chocada com isso que só consigo falar: "que coisa, não?")
(Será que o mundo está mudando?)

domingo, novembro 19, 2006

Distância...

O Jardim nasceu da vontade de uma pessoa se encontrar e conseguir botar para fora suas dúvidas, suas vontades, seus palpites... Coisas que não podiam ser ditas se ela mostrasse sua cara.
Para fazer o Jardim funcionar, essa menina reuniu outras 5 que ela julgou comungarem com suas expectativas e vontades.
O Jardim, portanto, se tornou um blog, de 6 meninas completamente diferentes, mas que em algum momento compartilharam da mesma situação: a de namorar outra menina.
Nesse tempo de Jardim, uma deixou de ser flor. Julgou nao ser mais pertencente ao blog, uma vez que seu namoro com sua unica exceção tinha ido pelo ralo... Tudo bem! Fica no Jardim quem tem vontade, quem acha que tem que ficar! E será sempre bem-vinda nos cometários e na participação das nossas vidas! Para mim, será sempre Margarida...
Nesse mesmo tempo, houveram brigas (claro! vai tentar deixar 5 mulheres cuidando de uma mesma coisa! ainda mais essas, que não são flores que se cheirem). Muitas vezes, passaram batidas essas brigas. Não tinha muito o que se discutir, foi tudo conversado. Pronto! Tudo bem denovo.
Mas, infelizmente, uma dessas brigas (um tanto atigas já, do início do semestre) ainda não foi resolvida. Tentou-se sair para conversar, mas por problemas externos e familiares não pudemos ficar o tempo suficiente sequer para começar a discutir o problema.
No Jardim, as coisas só começam a ser conversadas quando estão todas presentes.
O problema foi que, depois dessa tentativa frustrada de nos entendermos, uma outra flor se perdeu de nós. Parou de comentar, de postar... Está mais distante do que já esteve um dia. Entendemos que muitas vezes nao queira sair com a gente, afinal, são dois casais com muitos círculos em comum, e ela, que tentamos a muito custo trazer para junto da gente, mas sempre teve um círculo de amizades muito diferente.
O négocio é que sentimos falta dela. Tanto nas nossas saídas ocasionais quanto aqui no blog.
Hortênsia, se você está assim tão distante por causa da nossa não-resolução da questão reportagem, não será se omitindo que resolveremos esse impasse. A não ser que esteja utilizando seu silêncio como forma de protesto.
Apareça, ao menos pra dizer que leu esse post... Sentimos falta dos seus comentários e de você por aqui...

terça-feira, novembro 14, 2006

Quando a cabeça desanda...

Precisando desabafar sobre um lado da vida que não vai muito bem (não estou contradizendo o post anterior, a parte amorosa da vida vai muito bem!)

Sempre detestei trabalhar com pessoas e esse era um dos motivos pra eu trabalhar com animais. Comecei a fazer veterinária na universidade e logo vi que meus objetivos tinham mudado. Larguei e vou prestar vestibular novamente, para um curso de humanas. Simultaneamente comecei a trabalhar em uma empresa de emergências médicas, onde sou atendente, fico no telefone por horas a fio.

Com isso, trabalho com pessoas, pessoas e mais pessoas o dia inteiro, fazendo o que mais detesto, tendo que ser simpática, cordial e educada demais. Aguentando de tudo, quieta. Meu mapa astral é quase todo dominado por fogo, fazendo com que ficar quieta seja quase um estupro psicológico.

Sou simples e prática, me mostre o que tenho que fazer e como, que vou, faço e se estiver tudo certo vou embora. Detesto ser chamada, falar com chefe, ter que trabalhar no dia em que não iria, ter que trabalhar a mais... Minha única motivação é o dinheiro, detesto a possibilidade e o discurso de: você pode crescer lá dentro... Ou qualquer coisa do tipo. Minha vontade sempre foi entrar pra universidade e seguir uma carreira acadêmica.

xxx

Só estou frustrada e precisando botar pelo menos um pouco pra fora. Tenho medo de isso acabar virando estress a longo prazo.

domingo, novembro 12, 2006

Sobre escrever (e relacionamentos)

Lendo meus textos antigos confirmei uma reclamação da Orquídea, que eu não escrevo mais. Escrevia mal, português de MSN, mas escrevia e escrevia tudo, conseguia mostrar o que eu sentia. E o que aconteceu, não sinto mais? Não, acho que apenas fiquei com medo de mostrar o que eu sinto.

Na realidade paralela em que vivia, relacionamento era sinônimo de sofrimento e desespero. Família era algo que não existia pois nunca considerava o bem estar de ninguém a não ser o seu próprio. E assim ia, expectativa de relacionamento era sempre ruim... ( e os relacionamentos sempre por água abaixo, diga-se de passagem...)

Hoje me acostumo com a calma e estabilidade de um relacionamento, tenho duas famílias, quatro gatos (a mais nova veio hoje, branca, linda, com 450 gramas!), trabalho, vou estudar (algum dia, prometo!) e durmo e acordo todos os dias com uma menina que adoro. Acho mesmo que deveria corrigir isso, começar a escrever sobre a minha vida agora pois não vai ser mais um drama lésbico, mas com certeza vai ser muito mais gostoso, até porque agora eu posso dizer que estou feliz!

terça-feira, novembro 07, 2006

De mulher pra homem, homem pra mulher...

Continuando o assunto...

Identidade sexual e papel sexual são coisas muito próximas no começo de nossas vidas. Na infância não diferenciamos muito esses dois, pois nos é ensinado que só existem duas possibilidades: homem e mulher, ativo e passivo (não exatamente com essas palavras, claro). E o que acontece quando crescemos e esses dois não seguem o padrão? E se uma menina tiver papel sexual masculino ou mesmo identidade?

Nunca tive papel sexual feminino e minha identidade por muitas vezes foi masculina. Assim, cresci brincando com meninos, detestando meninas assim como eles e não me submetendo à vida de Amélia. Mais tarde, me questionando sobre minha sexualidade, identidade e papel sexual, acabei por me identificar não como uma coisa ou outra e sim algo no meio, um ser andrógino, onde algumas pessoas tinham certeza de que eu era homem, outras mulher e algumas preferiam não questionar. Era uma pessoa de identidade transitória, menino às vezes, menina outras, variava com a minha necessidade, com a minha visão de mim e do mundo. Nada tinha a ver com estilo ou parecer “foda” e sim de me sentir bem comigo e ter um lugar.

Vejo todos os dias meninas sendo abrigadas a escolher um lado, não podem viver transitando, muito menos “escolher” o outro lado. São induzidas a continuarem exercendo seus papéis, e atuando como pessoas que não são, com uma identidade que não corresponde à realidade. E enquanto isso, as outras pessoas não enxergam, não cogitam a possibilidade da alguém sair do considerado “normal” e reduzem o conflito a um problema de estilo, ou mesmo relacionamento, ao invés de se questionarem sobre o formato conservador em que vemos os gêneros humanos. Deveríamos parar e considerar o fato de talvez nossa sociedade ter uma mente fechada, ou uma idéia pequena sobre o que realmente somos. Assim poderemos entender outras realidades, aquelas não tão simples, como uma mente masculina num corpo feminino ou vice-versa.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Crise de identidade...

Quem sou eu?
Que me conhece?
Ninguem me conhece...
A pessoa que me tornei não é a pessoa que eu quero ser.
Não consigo ser quem eu quero, e isso me frustra.
Minha família nao me deixa ser quem sou, minha namorada nao me deixa ser quem sou. Só ontem achei alguém que me deixa ser quem eu quero ser (duas amigas muito queridas)...
Mas, se eu nao sou quem eu sou (confuso isso)... tá, se eu nao sou quem me tornei (bem melhor agora), quem sou eu então?
Bom, eu sou um bofinho. Quase um homem. Mais pra lá do que pra cá. Dentro de mim tenho essa vontade imensa de vestir roupas masculinas (bonitas, por favor), sair tirando onda e ter uma 'pegada forte'. sou alguém que tem atitude. Que nao se esconde. Que faz o que bem quer, na hora que quer, com quem quer. Alguém que nao é sobmissa, ou mesmo passiva. Sou uma mulher que nao se identifica com si mesma. Uma mulher de cabelo muito curto (moicano, topete ou espetado, com a nuca bem feita, pintado de azul, ou talvez verde). Um bofinho estiloso, tira onda, quase um 'pegador'. Sou Moira*, sem a mudança de sexo. Sou Ivan*, com menos apetrechos... sou completamente diferente do que me tornei.
Agora... o que me tornei?
Me tornei uma pessoa submissa, sem vontade própria. uma pessoa que nao se reconhece mais.
uma mulher que é mulher e é frustrada. uma mulher submissa à namorada. uma mulher que nao consegue mais se impor. passiva, ao máximo. que faz tudo pra nao desagradar a namorada. que faz das tripas coração, que faz um monte de coisas que nao gosta, pra ver a namorada feliz (no que raramente obtém êxito). me tornei uma mulher, com desejos de voltar atrás e fazer tudo diferente. uma mulher com roupas que nao a agradam. com um estilo que nao agrada. uma mulher que, já que nao consegue ser diferente, queria ser ana carolina (a cantora), que queria ser Bette*, que queria ser Dana*. uma mulher que quer ser o que nao gosta de querer ser.
No fim das contas... Tudo que eu quero mesmo é poder ser eu mesma. Sem repreensões da namorada, da mae, do irmão, da irmã.
até poderia me definir em uma pedaço de uma música que a Cássia canta: "e não há nenhuma outra hipótese que eu nao considere, mas eu queria mesmo ser a Cássia Eller"...
Mas isso porque ela foi ela. E ponto. Meio bofinho, meio feminina, com certeza andrógina. E era foda!
Bom... acho que já me perdi horrores e várias vezes aqui...
Meu ponto é: eu quero poder e conseguir ser eu mesma.
acho que fico por aqui....
Desculpem o desabafo....








*personagens de The L Word