sábado, setembro 17, 2005

* Improviso sobre a leveza *



Ainda há pouco eu passei no flog de um amigo meu e vi o post mais fofo dos últimos tempos: uma foto dele e do namorado, casal recém-formado, numa foto bem espontânea, linda. No texto embaixo da figura, comentários bobos e eufóricos do início da paixão e uma letra de música do Cazuza. Lembrei de tanta coisa na hora...

Lembrei de tudo que eu sentia no início, da felicidade, da descoberta, do medo ignorado/escondido, das vontades, da leveza. Saudade de um amor tranqüilo...

Como as coisas ficaram tão pesadas? Tudo me parece hoje tão confuso, estranho, dolorido. Não deveria ser assim! Não deveria doer...

Deveria ser leve... sempre...

Uma coisa que minha antiga psicóloga havia me dito, (e que por sinal a Elis Regina falou pra Maria Rita quando ela era criança, olha que tudo!) era para eu nunca perder a minha leveza. Será que eu ainda sou como eu era? Ou eu perdi a tal leveza?

Talvez eu realmente esteja... como era mesmo a palavra? Era algo como "aumentando", "exagerando" tudo. Falo isso como uma possibilidade real, sem ironias ou mágoas implícitas. Pode ser isso mesmo. Não sei se pelo acúmulo, se pela época, pela inexperiência ou sei lá por que outras razões. Mas eu posso estar mesmo vendo só as partes ruins...

Mas... eu queria tanto sentir de novo o que eu sentia!! Não que o sentimento tenha se perdido... muito pelo contrário, ele está maior a cada dia. Mas ele está apertado, angustiado, medroso. Inseguro. Sem coragem...

Eu mudei muito. Onde estão todos os presentinhos e todas as surpresas que eu fazia? Talvez numa tentativa de "equilibrar" a balança (não sei qual... talvez a balança que eu inventava na minha cabeça), eu fui deixando de fazer muita coisa. Sempre culpando a "insegurança"... podia culpar a verdade: incompetência minha em lidar com o outro lado. Ou amor insuficiente. Ou outro motivo. Mas não, sempre "terceirizando" a culpa. Sendo honesta agora: a culpa é minha. E dela, também, mas apenas no que se refere a ela. Eu digo que a culpa é minha por ter deixado morrer a leveza, a fantasia, o calor interno.

O sentimento gostoso do comecinho ainda não foi embora. Está aqui, resistindo, apesar de todos os meus esforços para mandá-lo embora (não-conscientes, óbvio.) Está abafado debaixo de tanta sujeira psicológica minha. Mas dá para trazê-lo de volta. Ainda consigo ouvir uma música e lembrar imediatamente dela, e ainda sinto a maior calma do mundo quando ela me liga para dar boa noite.

Ainda consigo deixar scraps inúteis no Orkut dela, e também consigo tacar o foda-se para o medo de arranjar flores e bombons e ir para a casa dela quando eu nem sei se ela estará lá. Ou escrever um cartão apaixonado quando eu nem sei como ela vai voltar de viagem...

A transformação é possível... mas será que ela quer isso?

Contando hoje como sábado, ela chega amanhã. O que eu vou dar para ela?



[Desculpa, meninas, estou monopolizando o Blog. Prometo que paro com isso.]

Um comentário:

Anônimo disse...

Não tá, não! Alguém tem que postar, né? E, afinal, esse blog é um meio terapeutico também e vc nunca fugiu do tema em nenhum post.
Também gosto de ler oq vc escreve por aqui! =]

=*